Os artigos refletem a opinião pessoal do autor, e não de seus empregadores.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Valorização
Em 2005 a Check Point quase comprou a Sourcefire por 225 milhões. A transação apenas não se concluiu devido a restrições do governo americana. Nada melhor para os acionistas da Sourcefire, pois venderam nessa semana para a Cisco por 2.7 bilhões. Isso que é valorização!
sábado, 27 de julho de 2013
Escalabilidade
*** artigo publicado na revista RTI Junho/2013 ***
Nos últimos
anos houve uma grande mudança nos produtos de segurança de rede a partir da
busca pelos fabricantes de soluções mais confiáveis e mais próximas à nova
realidade das ameaças e dos requerimentos dos clientes. É incontestável que
essas novas gerações resultaram em produtos melhores, porém houve também um
efeito colateral: a obsolescência do modelo tradicional de compra. A maior
parte das empresas, em qualquer lugar do mundo, ainda compra produtos de
segurança usando throughput como principal ou as vezes único requerimento. Eu
tratei desse assunto em dois outros artigos – setembro/2011 e março/2010 – que
continuam atuais, e que podem ser consultados na versão online da RTI. Esse mês
irei tratar especificamente de escalabilidade, usando alguns dos conceitos
apresentados por Robert Graham no blog de sua empresa, a Errata Security.
Escalabilidade
é uma das características que mais vem sendo solicitada por empresas de grande
porte nos últimos tempos, devido ao crescimento contínuo do uso da rede e da
demanda de novos serviços. As midias sociais são um ótimo exemplo, com as
empresas cada vez mais utilizando-as como ferramentas de marketing, mas há
também tecnologias como streaming e video conferencia, a cada dia mais acessíveis.
Assim muitos desses usuários pedem equipamentos escaláveis, ou seja, que possam
crescer sem que tenham que ser substituídos por outros com maior capacidade.
No entanto
a coisa pode não ser assim tão simples. O primeiro ponto é perguntar-se: escalabilidade
em quê? ‘Como assim’, responderia você, ‘capacidade, ora’. Ok, diria eu,
capacidade de quê? Infelizmente para todos nós, equipamentos de segurança de
rede são altamente complexos quando tentamos mensurar seu desempenho e
capacidade. Para piorar, tecnologias diferentes são afetadas de formas distintas.
Vamos tomar um firewall, por exemplo. Como regra geral esses dispositivos
possuem determinada capacidade de processamento de pacotes (medidos por
pacotes/segundo), throughput (gigabits/seg), sessões concorrentes e novas
conexões por segundo. Além desses há ainda a latência. Throughput é também
influenciado pelo tipo de tráfego (protocolos) e tamanho dos pacotes. É claro
que o desejável é que a escalabilidade de todos esses elementos seja
proporcional, mas nem sempre é assim. E por que? Porque a arquitetura de
software e hardware pode apresentar limitações e a escalabilidade, como
resultado, não ser linear.
Escalabilidade
linear significa que todos os elementos de desempenho crescem proporcionalmente
acompanhando o crescimento dos recursos de hardware disponíveis. Imaginem um
firewall com quatro processadores e 8GB de memória que processe 10Gbps, 2
milhões de conexões concorrentes e 45 mil novas conexões por segundo. Deixemos
pacotes por segundo e latência de lado para não complicar. Um crescimento
linear significaria que com oito processadores e 16GB de memória ele iria
processar o dobro, mas, na maioria das vezes para falar a verdade, isso não
ocorre. Por causa de alguma limitação de arquitetura muitos produtos
processariam os 4 milhões de conexões mas apenas 60 mil novas conexões por
segundo. Essa limitação pode ocorrer na maneira como foi configurado o
multiprocessamento ou no método de aceleramento de rede. Mesmo em sistemas
baseados em chassis nem sempre há linearidade devido as limitações no backplane
e switch fabrics dos equipamentos.
Mas como
dificultar é sempre possível estamos na era dos next-generation firewalls, o que se traduz em mais camadas de
análise como prevenção de intrusos, detector de malware, compliance, data loss prevention, análise de
aplicações e por aí vai. O efeito dessas camadas no desempenho de um firewall
varia bastante de acordo com o fabricante mas sempre ocorre e pode ser
devastador, com redução de até 85% da capacidade nominal. Portanto a
escalabilidade deve ser planejada também no quesito de quais novas funções
serão habilitadas no firewall, porque a linearidade pode ser diferente entre
uma funcionalidade ou outra. É fácil entender o porquê. Muitos fabricantes
atingem altos niveis de desempenho a partir de hardware de aceleramento, mas
uma ou outra funcionalidade pode ser incompativel e prejudicar ou até
desabilitá-lo, resultando em uma queda brutal.
Há ainda
outra dificuldade para a qual empresas também precisam de ajuda: o
monitoramento de seus sistemas. O principal método de gerenciar a capacidade
dos equipamentos é ainda o acompanhamento do uso de componentes do hardware
como cpu e memória. O problema é que para alguns produtos e tecnologias isso
não é mais válido. O sistema de gerência de umas das maiores fabricantes de
segurança, por exemplo, estimula seus clientes a monitorar seus equipamentos multiprocessados
usando a média de utilização das cpus. Um grande erro já que seu software
separa os processadores por função e alguns podem estar com alto uso enquanto
outros estão quase sem carga. A média, relativamente baixa devido aos
processadores ociosos, irá sugerir que ainda há muito espaço para crescimento
quando na verdade o sistema já pode estar no seu limite.
Os datasheets publicados pelos fabricantes
não resolvem a questão, o que não quer dizer que haja ma fé de ninguém.
Primeiramente essas empresas precisam publicar seus números máximos de
desempenho. Apesar de somente serem alcançados em laboratório são dados muito
usados para comparação e classificação de produtos. Depois elas utilizam
procedimentos mais ou menos padronizados para identificar o que seria o
desempenho do ‘mundo real’ de seus produtos. Mas eles são criados a partir de
uma média de uso. Emboram sirvam bastante como referência não podem ser
considerados como definitivos. Assim somente há uma solução para se comprar bem
um sistema escalável: conversar muito com o fornecedores e fabricantes para
entender sua arquitetura e limitações, e somente depois escrever RFPs e
editais. É claro que isso adiciona trabalho ao processo de compra mas é
totalmente justificável para empresas que irão gastar centenas de milhares, até
milhões, na compra de um sistema de proteção de rede.
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