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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Segurança em IPv6 - parte 1 de 4


Em 1 de Fevereiro de 2010 o último grupo de endereços livres disponiveis do sistema atual de endeçamento da Internet, conhecido como IPv4, foi concedido pela IANA (Internet Assigned Numbers Authority) ao APNIC, o comitê gestor dos endereços Internet para a Ásia e Pacífico. O fato é significativo mas não foi surpresa para ninguém. Há pelo vinte anos o fim do endereçamento tradicional da Internet é esperado e desde 1998 há uma solução: o IPv6. Quando criado, o IPv4 possuía uma quantidade de endereços que parecia inatingível para uma Internet ainda engatinhando e restrita: 4 bilhões. No entanto o crescimento vertiginoso da rede mundial fez com que essa quantia fosse insuficiente para todos os dispositivos de usuários, empresas e provedores de Internet, problema resolvido através do uso de NAT. Já o IPv6 possui 2128 (dois elevado a cento e vinte e oito) endereços, ou a formidável quantia de 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456, suficiente para tudo e mais um pouco.

O fim dos endereços IPv4 nos leva portanto à fase seguinte do endereçamento Internet. Desde que foi lançado, há treze anos, o IPv6 foi muito pouco solicitado e implementado. Agora espera-se que o processo de adoção se inicie, liderado pelos provedores de serviço. Será uma migração lenta e gradual, onde ambos sistemas de endereços irão conviver por muitos anos, e que exigirá a atualização da infraestrutura de rede das empresas, muitas ainda utilizando equipamentos e sistemas antigos e incompatíveis. 

A adoção do IPv6 no Brasil também é incipiente, como se pode deduzir de pesquisa realizada entre os AS (Sistemas Autônomos) brasileiros pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologias de Redes e Operações – certpro.br – ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, em fevereiro de 2010, e que obteve 237 respostas de 217 Sistemas Autônomos:
  • Apenas 33% possuiam bloco IPv6 próprio
  • Dos 99% que julgam necessário treinamento em IPv6, aproximadamente apenas 37% realizaram o curso ministrado pelo NIC.br ou algum outro treinamento
  • Apenas 16% anunciaram bloco IPv6 na Internet, sendo que 68% deles (ou 11% do público total) o fizeram por trânsito nativo IPv6
  • Apesar dos itens anteriores, 66% responderam que seu sitio web era naquele momento acessível por IPv6 e 63% ofereciam trânsito nativo a seus clientes corporativos
A pesquisa completa pode ser consultada no site http://ipv6.br mantido pelo NIC.br e não difere muito dos resultados em outros países, como mostram dados estatísticos dos RIR - Regional Internet Registries – os órgãos regionais responsáveis por endereçamento. O ARIN – responsável pelo América do Norte – reporta que recebeu em Janeiro e Fevereiro de 2011 o total de 499 requisições de endereços IPv4 contra 147 para IPv6. 

(continua)

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